Existe carne de origem vegetal?
Lemos e ouvimos por aí, expressões como esta: carne de origem vegetal.
Na matriz da nossa cultura, onde a gastronomia é um reflexo da alma portuguesa, o termo "carne de origem vegetal" emerge como uma dissonância. Longe de ser uma mera questão semântica, a utilização desta expressão desafia a essência do que a carne representa — não apenas um alimento, mas um símbolo de identidade e excelência portuguesa.
Importa assim decompor este termo e perceber a razão pela qual não faz sentido utilizá-lo, tendo em a conta os seguintes pressupostos, nomeadamente:
A Incoerência do Termo "Carne de Origem Vegetal"
A indústria da carne em Portugal, representada pela Associação Portuguesa dos Industriais de Carne (APIC), é um pilar essencial da economia, da segurança alimentar e da identidade cultural. Num mundo confrontado com desafios climáticos e nutricionais, o setor da criação de animais destaca-se pelo seu compromisso com a inovação, a transparência e o equilíbrio do ecossistema. Longe de ser o obstáculo retratado em narrativas simplistas e erróneas, como as veiculadas por certos artigos de opinião, a indústria da carne lidera esforços para conciliar a produção alimentar com a proteção do planeta e o bem-estar da sociedade. Convidamos os leitores a conhecerem o nosso trabalho, assente em ciência, factos e uma visão de futuro sustentável para Portugal.
Tal como Pedro Abrunhosa exclama aos quatro ventos na música “Fazer o Que Ainda Não Foi Feito”, embora se trate de uma declaração de amor, não resisto a estender essa analogia à relação do governo com as empresas portuguesas — em especial, as do setor da carne.
O novo executivo iniciou funções — ou melhor, retomou-as, após uma breve suspensão para legitimar praticamente os mesmos protagonistas. Na sua tomada de posse, o primeiro-ministro prometeu combater a burocracia. Sim, senhor primeiro-ministro, é precisamente disso que o país precisa.
Mas como se combate uma cultura enraizada que atravessa os organismos públicos como uma herança imutável?