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Existe carne de origem vegetal?‍

Lemos e ouvimos por aí, expressões como esta: carne de origem vegetal.

Na matriz da nossa cultura, onde a gastronomia é um reflexo da alma portuguesa, o termo "carne de origem vegetal" emerge como uma dissonância. Longe de ser uma mera questão semântica, a utilização desta expressão desafia a essência do que a carne representa — não apenas um alimento, mas um símbolo de identidade e excelência portuguesa.

Importa assim decompor este termo e perceber a razão pela qual não faz sentido utilizá-lo, tendo em a conta os seguintes pressupostos, nomeadamente:

A Incoerência do Termo "Carne de Origem Vegetal"

A carne, por definição científica e legal, é o tecido muscular de origem animal, caracterizado por uma composição nutricional única que inclui proteínas completas (contendo todos os nove aminoácidos essenciais), vitamina B12, ferro heme, zinco biodisponível e creatina (Bender, 1992; Williams, 2007).

Produtos à base de plantas, ainda que processados para imitar a textura ou sabor da carne, não possuem estas propriedades intrínsecas. A rotulagem de produtos vegetais como "carne" é, portanto, enganadora, confundindo os consumidores e desvalorizando o trabalho dos produtores portugueses. Ler artigo completo aqui.

A indústria da carne em Portugal, representada pela Associação Portuguesa dos Industriais de Carne (APIC), é um pilar essencial da economia, da segurança alimentar e da identidade cultural. Num mundo confrontado com desafios climáticos e nutricionais, o setor da criação de animais destaca-se pelo seu compromisso com a inovação, a transparência e o equilíbrio do ecossistema. Longe de ser o obstáculo retratado em narrativas simplistas e erróneas, como as veiculadas por certos artigos de opinião, a indústria da carne lidera esforços para conciliar a produção alimentar com a proteção do planeta e o bem-estar da sociedade. Convidamos os leitores a conhecerem o nosso trabalho, assente em ciência, factos e uma visão de futuro sustentável para Portugal.

1. Um Setor Vital para a Economia e a Sociedade Portuguesa

A criação de animais é um motor económico, contribuindo com 4,2 mil milhões de euros para o Produto Interno Bruto (PIB) e gerando mais de 150 mil empregos diretos, em regiões rurais onde as alternativas económicas são escassas (7). Sistemas extensivos, como a pastorícia, promovem a fixação de populações no interior, combatendo a desertificação e fortalecendo a resiliência face a desafios climáticos, conforme sublinhado pela FAO (2).

A carne é, igualmente, uma fonte indispensável de nutrientes, como proteínas de alto valor nutritivo, ferro na sua forma heme e vitamina B12, essenciais para a população. Juan Pascual, em Razões para ser Omnívoro: Pela Tua Saúde e a do Planeta (2024, p. 151), esclarece: “...A menos que consumamos as nossas próprias fezes ou as de outras pessoas, a única forma de obter vitamina B12 é através do consumo de produtos animais…” Narrativas como a do artigo “Da carne de vaca ao nosso ego” (Público, 29 de setembro de 2019), que defende a eliminação da carne de vaca das cantinas universitárias, ignoram a riqueza cultural da dieta mediterrânica – património da UNESCO – e os desafios de acessibilidade económica e nutricional para as famílias portuguesas. Estudos como o de Willett et al. (10) mostram que dietas equilibradas, com quantidades moderadas de carne, são ideais para a saúde e a sustentabilidade, desmontando visões falaciosas que propõem a sua exclusão.

 

2. Sustentabilidade Ambiental: Ciência e Inovação na criação de animais

Contrariamente a narrativas alarmistas, como a do artigo “Carne: a pegada insustentável” (Público, 20 de fevereiro de 2025), que exagera o impacto da criação de animais em água e desflorestação, o setor contribui com apenas 14,5% das emissões antropogénicas de gases de efeito estufa (GEE), muito menos que os setores da energia (34%) e dos transportes (16%). O metano emitido por ruminantes integra um ciclo biológico de curta duração (10-12 anos), diferente do CO₂ fóssil de longa permanência (provenientes do setor da energia), como esclarece Pascual (2024, p. 87).

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Tal como Pedro Abrunhosa exclama aos quatro ventos na música “Fazer o Que Ainda Não Foi Feito”, embora se trate de uma declaração de amor, não resisto a estender essa analogia à relação do governo com as empresas portuguesas — em especial, as do setor da carne.

O novo executivo iniciou funções — ou melhor, retomou-as, após uma breve suspensão para legitimar praticamente os mesmos protagonistas. Na sua tomada de posse, o primeiro-ministro prometeu combater a burocracia. Sim, senhor primeiro-ministro, é precisamente disso que o país precisa.

Mas como se combate uma cultura enraizada que atravessa os organismos públicos como uma herança imutável?

Permita-me a ousadia de partilhar alguns conselhos em nome de um Portugal mais forte. O primeiro passo é termos líderes verdadeiros — homens e mulheres com espírito de missão, dispostos a fazer o que nenhum governo teve coragem de fazer: erradicar a burocracia desnecessária que bloqueia a iniciativa privada e sabota a competitividade nacional face aos restantes estados-membros.

Essa mesma burocracia afasta investimento estrangeiro, frustrando empresas que apenas querem crescer num país de costumes brandos, boa gastronomia e gente de valor. Talvez sejamos brandos em demasia — talvez nos falte a coragem.

As empresas do setor da carne vivem com medo dos organismos públicos. Temem represálias caso denunciem abusos ou ineficiências. Mesmo quando são maltratadas, preferem o silêncio à retaliação. Esta é a triste realidade do século XXI.

Há motivos para o medo. Há abusos. Há prejuízos. E há uma assustadora ausência de responsabilização por parte de quem devia liderar com justiça e visão. Ler artigo completo aqui.